TEC
Teatro Experimental de Cascais
YERMA
de Federico García Lorca

TEC 55anos
TEC Teatro Experimental de Cascais
167ª produção | 2020
YERMA
de Federico
García Lorca
tradução | dramaturgia
Miguel Graça
encenação
Carlos Avilez
cenografia|figurinos Fernando Alvarez
música original Pedro Jóia
coreografia João Lara
desenho de luz Rui Monteiro
desenho
som surround | operação de som Hugo Neves Reis
assistência
de encenação | direcção de cena Rodrigo Aleixo
direcção
de montagem Manuel Amorim
montagem
Rui Casares
operação
e montagem de luz Jorge Saraiva
assistência
à montagem de luz Zeca Iglésias
execução
de figurinos Rosário Balbi
costura Luísa Nogueira, Mila Cunha, Palmira Abranches
assistência
de figurinos e adereços Ricardo Reis
fotografias
de cena Ricardo Rodrigues
registo
vídeo Miguel Ângelo Audiovisuais
produção
Raul Ribeiro
secretariado
Maria Marques
contabilidade
Ana Landeiroto
bilheteira Joana Goldschmidt
frente-de-casa Romana Sequeira
manutenção
de guarda-roupa Clarisse Ribeiro
interpretação Beatriz Domingues, Damian Iacob, Francisco Monteiro Lopes, Hugo Narciso, João Lara, João Pecegueiro, Luiz Rizo, Marco Sá Pedroso, Nuno Perestrelo, Renato Godinho, Renato Pino, Rita Calçada Bastos, Rita Silvestre, Rodrigo Cachucho, Rodrigo Tomás, Sara Matos, Sérgio Silva, Susana Luz, Teresa Côrte-Real
músicos
canto Diego el Gavi
violino Denys Stetsenko
flautas Ahmed Suleiman
tempura,
charamela, guitarra, percurssões, cumbush Pedro Jóia
gravado misturado e
masterizado no estúdio Gravissom por Fernando Gomes
distribuição
Yerma
Sara Matos
Juan Renato
Godinho
María
Rita Silvestre
Víctor
Rodrigo Tomás
Mulher Pagã Rita Calçada
Bastos
Primeira Lavadeira Hugo Narciso
Segunda Lavadeira Damian Iacob
Terceira Lavadeira Marco Sá Pedroso
Quarta Lavadeira
Francisco Monteiro Lopes
Quinta Lavadeira Rodrigo Cachucho
Sexta Lavadeira Nuno Perestrelo
Primeira Cunhada João Pecegueiro
Segunda Cunhada Renato
Pino
Primeira Rapariga Beatriz Domingues
Segunda Rapariga Susana Luz
Dolores
Teresa Côrte-Real
Primeira Velha
Luiz Rizo
Segunda Velha
Sérgio Silva
Primeira Mulher Susana
Luz
Segunda Mulher Beatriz Domingues
Primeiro Homem Sérgio
Silva
Segundo Homem
Luiz Rizo
Macho
João Lara
Fêmea
Beatriz Domingues
Voz
Diego El Gavi
Um Homem Andaluz
Federico Garcia Lorca
(1898-1936) é um dos nomes mais notáveis da literatura espanhola e europeia do
século XX. Conhecido sobretudo pela sua obra poética e dramática, escreveu uma
célebre trilogia espanhola entre 1932 e 1936, constituída por Bodas de Sangue,
Yerma e A Casa de Bernarda Alba, onde desmontou, com inteligência
e poesia, uma sociedade católica, opressiva e dominadora, que se veio a
transformar numa ditadura que durou décadas a ser derrubada.
Lorca, uma das primeiras
vítimas desse regime, fuzilado por um misto de razões, políticas e homofóbicas,
escreve em Yerma uma espécie de autobiografia sentimental em que a
personagem de Yerma é um espelho do autor, incapaz de procriar, vítima da
maledicência e profundamente infeliz por não ser capaz de seguir os cânones em
que foi educado.
Lorca teve uma vida
fulgurante, cheia de viagens, de sucessos e também de desilusões e morte. Mas
se é verdade que teve na família o conforto financeiro e nos amigos a segurança
de um apoio naquilo que ele queria ser (ou no que ele tinha de ser), também é
verdade que foi criticado, gozado e maltratado por muitos. Tinha como alcunha,
nalguns círculos de Direita pré-franquista, «o maricas do laço» mas manteve
quase sempre a cabeça erguida e continuou uma viagem pela literatura e pela
vida, escrevendo, amando, criando arte ao lado de figuras como Salvador Dalí,
Luis Buñuel ou Rafael Alberti, pessoas com quem foi mantendo relações ambíguas,
numa Espanha cheia de génios que se encontravam, degladiavam e se afastavam. E
é assim que Yerma é, acima de tudo, uma peça sobre o afastamento, sobre
a separação, não sobre a separação ou afastamento de figuras como Buñuel ou
Dalí, mas sobre a nossa enorme incapacidade de lidar com o Outro, a mesma
incapacidade que Yerma tem em relação a Juan ou vice-versa.
Creio que na literatura há
dois tipos de escritores, aqueles que escrevem sobre os outros e aqueles que
escrevem sobre eles próprios. Há muitos exemplos disso, Tennesse Williams
escrevia sobre ele próprio enquanto Tchékov escrevia sobre os outros. Na
verdade é tudo mais ou menos o mesmo e não há nisto qualquer juízo de valor, em
ambos os casos pretende-se a universalidade da arte e, assim, Lorca foi universal ao escrever sobre ele
próprio, mas Yerma é, talvez, a personagem mais autobiográfica que escreveu.
Ela que é, em muitos momentos, esse Lorca ao mesmo tempo forte e frágil, ao
mesmo tempo obrigado a uma moral e instigado a lutar contra ela, esse Lorca que
é incapaz de parir e que é acusado de ser homossexual sem que tenha como
contrariar isso, apenas porque não é contrariável. Yerma é Lorca em muitos
momentos ou Lorca é Yerma em quase todos. É assim a literatura. É assim a vida.
De certa maneira, somos todos «o maricas do laço» porque é muito difícil fazer
parte de alguma coisa e, sobretudo, é muito difícil ser aceite na normalidade
das coisas quando se sai fora dela.
Há muitos Lorcas e há muitas
Yermas, não num sentido literal, mas metafórico, resta saber se, hoje,
compreendemos o que Lorca escreveu no longínquo ano de 1934, sobre nós, uma vez
que Lorca é Yerma e Yerma somos nós.
M/12 anos
duração: 90 minutos
agradecimentos
Dr. António Ramalho, Leila
Gomes, Leocádia Silva, Sofia Patrão, Escola Profissional de Teatro de Cascais,
Museu Nacional do Teatro
13 NOV. a 11 DEZ.
Qua. a Sex. 20h45
12 e 13 DEZ.
Sáb. 20h45 | Dom. 16h00
Teatro Municipal Mirita Casimiro
Av. Fausto de Figueiredo, Estoril
informações e reservas: acontecenotec@tecascais.com | 968 780 966
horário da bilheteira:
13 NOV. - 13 DEZ.
Ter. a Sex. 18h00 às 22h00