TEC
Teatro Experimental de Cascais
GUERNICA
de Fernando Arrabal
TEC Teatro Experimental de Cascais
146ª produção | 2016
GUERNICA
de
Fernando Arrabal
dramaturgia
Miguel Graça
encenação
Carlos
Avilez
cenografia | figurinos
Fernando
Alvarez
coreografia
Margarida Gonçalves
direcção
de montagem Manuel
Amorim
contra-regra | montagem
Rui
Casares
desenho
som surround | operação
de som Hugo
Neves Reis
assistência
de ensaios | operação de luz Jorge
Saraiva
fotografias
de cena Ricardo
Rodrigues
desenho
de comunicação Anabela Gonçalves
registo
vídeo do espectáculo MiguelÂngelo Audiovisuais
secretariado
Inácia
Marques
contabilidade
Ana
Landeiroto
manutenção
de guarda-roupa Clarisse
Ribeiro
com António Marques, Luiz Rizo, Madalena Almeida, Renato Pino, Rita Calçada Bastos, Sérgio Silva, Teresa Côrte-Real
distribuição
Fanchou
António
Marques
Lira
Teresa
Côrte-Real
Escritor
Luiz Rizo
Jornalista
Renato Pino
Oficial
Sérgio Silva
Mulher
Rita
Calçada Bastos
Filha
Madalena
Almeida
Escrita em 1961 pelo aclamado
autor espanhol Fernando Arrabal (1932), Guernica
é uma obra com
duas relações directas evidentes, primeiro com o célebre quadro de
Pablo Picasso, segundo com os bombardeamentos de 1937 de que o
município basco foi alvo. No entanto, o texto de Arrabal não se
esgosta nesse momento, sendo mais um manifesto universal anti-guerra
do que uma análise de um determinado acontecimento da Guerra Civil
Espanhola.
Não se contando entre os mais
conhecidos textos de Arrabal (Piquenique
no Campo de Batalha,
Oração, Os Dois
Verdugos, Fando e Lis, Cemitério de Automóveis),
é possível
encontrar em Guernica
grande parte das
ideias e dispositivos recorrentes no teatro que o autor espenhol
desenvolveu, sobretudo nos anos 50/60, e que constituiram a base para
aquilo a que ele mais tarde designou de Teatro Panico (uma mistura da
palavra "pânico" - ou seja, medo, ansiedade - com "relativo
ao deus Pan", e que era em termos práticos a aceitação do horror
e da glória da vida). Como posto pelo próprio Arrabal: "sonho com
um teatro em que o humor e a poesia, pânico e amor, sejam um só. O
ritual do teatro deve transformar-se numa opera
mundi como as
fantasias de Dom Quixote, os pesadelos de Alice e os delírios de K.,
na verdade, deve transformar-se nos sonhos humanos que atormentariam
à noite um computador da IBM".
A lógica é, em primeiro
lugar, uma lógica do Absurdo pela desconstrução - próximo de
Ionesco - e pelo absurdo filosófico da existência - próximo de
Beckett. Nesse sentido, o dispositivo base de Arrabal é o de colocar
as suas personagens com mentalidade e discurso de criança, aliás,
elas não compreeendem o mundo porque o vêem através desse olhar
monocromático e infantil, o que faz com muitas vezes tenham atitudes
cruéis para com o Outro, não obrigatoriamente por maldade, mas
apenas porque, tal como as crianças, não têm a compreensão
suficiente para distinguir o Bem do Mal, o que as coloca num estranho
jogo de amoralidade; se o que elas fazem para nós é cruel, para
elas é apenas uma acção, umas vezes egoísta e narcísica (pela
indiferença em relação ao Outro), e outras (principalmente quando
rodeadas de solidão) cheias de altruísmo e auto-sacrifício, numa
tentativa de recuperar a dimensão humana que lhes escapa.
Numa altura em que nos
deparamos com terríveis imagens de crueldade vindas um pouco de todo
o mundo, mas em particular da Síria, que trouxe até às portas da
Europa a crise dos refugiados, é urgente revisitar textos como
Guernica
para nos recordarmos que a dimensão do Mal não é algo que faz
parte do passado da humanidade, mas que se mantém tão presente
agora como antes.
M/12 anos
agradecimentos Funalcoitão
20
ABR. a 22 MAI. 2016
Qua. a Sáb. 21h30 | Dom. 16h00
Teatro Municipal Mirita Casimiro
Av. Fausto de Figueiredo, ESTORIL
Fotografias
© Ricardo Rodrigues
Materiais de Divulgação